Você sabia que, desde o início de XVII, o barril, dentre algumas finalidades, tem o poder de envelhecer a cachaça? Dependendo dos tipos de madeira usados nele, então, seu potencial é de modificar a bebida ao longo do tempo e agregar maior qualidade à caninha.
O que preciso saber sobre esse assunto?
O envelhecimento da cachaça é uma prática que possibilita a modificação da sua cor, sabor e aroma. Isso acontece em função dos diversos tipos de madeiras e suas habilidades de mudarem as características sensoriais da bebida. E tudo isso de acordo com o gosto do produtor e, claro, do consumidor.
Para orientar nossos leitores, a Cachaça Gestor preparou uma lista com as principais madeiras para envelhecer a cachaça, suas localizações e benefícios. Vamos lá?
Carvalho (Quercus)
O carvalho é a madeira mais utilizada no mundo para envelhecer destilados, sendo a peça chave na composição de bebidas como o Whisky, por exemplo. Seu crescimento e cultivo pode ser encontrado no hemisfério norte do nosso planeta (América do Norte e Europa).
Destas espécies, as mais utilizadas pelo ramo da cachaça são o Carvalho Europeu e o Carvalho da América do Norte.
Os barris de carvalho americano são comumente importados de fábricas que produzem o Bourbon, de modo que, ao chegar no Brasil ainda restam nesses barris uma sobrevida muito marcante dessa bebida. A cachaça envelhecida nesse tipo de madeira tende a apresentar aromas de mel, baunilha e frutas secas. O destilado passa a ter uma coloração mais amarelada e um sabor notoriamente amadeirado.
Já o Carvalho Europeu fornece à cachaça aromas e sabores frutados e alcoólicos, confere também um paladar com toques de baunilha, figo e mel. Além disso, a coloração da bebida assemelha-se com o âmbar.
Amendoim (Platypodium elegans)
O Amendoim é um dos tipos de madeira que se encontra em risco de extinção. Sua tonalidade é avermelhada e se trata de um material pesado e resistente.
A cachaça cultivada neste tipo de madeira apresenta um tom amarelado muito suave. Ao paladar, confere um sabor adstringente e menos ácido.
Essa madeira também propõe um melhor cultivo do sabor da cachaça branca, destilado muito usado para o preparo de drinques que acompanham em sua receita sabores cítricos, como a caipirinha.
Amburana (Amburana cearensis)
Esse é um dos tipos de madeira mais utilizado no processo de envelhecimento. Também é conhecido como cerejeira, e pode ser encontrada no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país.
A cachaça envelhecida em Amburana é bem conhecida e comercializada em grande escala no Brasil. A característica atrelada ao seu sabor é um gosto levemente adocicado, que se dá devido ao fundo floral característico dessa madeira, com de um toque de aroma de baunilha.
A Amburana baixa a acidez do destilado e diminui a sensação alcoólica, tornando-o tão suave quanto um cetim. Quanto a cor, confere a ele um tom amarelado bem claro, mas ainda sim muito vistoso.
Jequitibá (Cariniana)
O Jequitibá é bastante encontrado no Brasil, mais precisamente no Acre, Centro-Oeste, Sul da Bahia e também no Sul do país.
O Jequitibá branco, em questão de cultivo do envelhecimento da cachaça, é melhor indicado para o processo, pois intensifica a cor mais clara da cachaça, além do aroma imperceptível.
Já o Jequitibá Rosa, por sua vez, oferece cor dourada à bebida, além de sabores e aromas agradáveis que podem competir, inclusive, com o carvalho americano.
Araruva (Centrolobium tomentosum)
Também conhecida como Araribá, sua espécie é natural das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Os produtores de cachaça do interior do Paraná utilizam bastante o cultivo da Araruva.
A cachaça curtida no barril desta madeira possui uma cor amarela clara e maior oleosidade na bebida, além de um aroma com toque de flor.
Balsámo (Myroxylon balsamum)
Talvez você tenha ouvido falar de outros tipos de madeira, como Cabriúva ou Pau-bálsamo, certo? Pois bem, é tudo a mesma coisa! Esta madeira é natural desde o Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul.
A cachaça envelhecida em Cabreúva possui uma cor amarelo-esverdeado. Isto ocorre pelo seu aroma ser bastante característico, remetendo a odores mais frutados que lembram ameixa seca e especiarias.
Quanto ao sabor, o Bálsamo deixa o destilado com um aspecto mais seco e com traços de amêndoa durante a degustação.
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Excelente a matéria.
Uma coisa interessante é a identificação de cachaças mais conhecidas assciadas as madeiras, como por exemplo a Seleta, que é Amburana ou Umburana, a Boazinha, que é Balsamo, a Germanda, Carvalho e assim por diante.
hoje temos algumas outras madeiras que não foram mencionadas, como o Ipe Amarelo, e o Pau Brasil, que ja tem excelentes resultados.
Importante ressaltar que atualmente a regulamentação da bebida indica que para se chamar de cachaça, ela precisa passar por um estágio em madeira, caso contrário deve ser considerada pinga ou agua-ardente
Mais uma vez, parabéns pela matéria
bom dia , gostei ,parabéns , pergunta : e se eu envelheci , tomei no churrasco metade , retirar tudo e colocar em garrafa de vidro e encher novamente , com nova cachaça ? pode dar certo ? obrigado , e outra pergunta : eu tomei uma cachaça de uma pessoa e era de carvalho , ( 20 ltr ) não sei se europeu ou americano ) era pro meu paladar deliciosa , parecia conhaque ,( Whisky ),,quero fazer o mesmo , como fazer ( carvalho americano ou europeu ) .
Bom dia José!
Com certeza, você pode continuar reutilizando o seu barril para envelhecer outras cachaças. Entretanto, quanto mais usado mais vai demorar para a madeira reagir com a cachaça, conferindo aromas e sabores típicos da madeira.
O carvalho é utilizado para envelhecimento de whisky, logo a cachaça envelhecida nesta madeira fica bem parecida.
Procura a Tanoaria Del Rey que eles tem para vender.
Enriquecedor, porém, senti falta do ipê. Pode me informar sobre essa madeira? Abraço e muito grato pelas informações.